"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Cheio de vazio


Nós sempre queremos ter uma resposta para todos os que nos perguntam o que foi que aconteceu. E acontece que nem sempre sabemos de verdade o que aconteceu, nem sempre temos a certeza, conseguimos descrever, distinguir, discernir. Diante da nossa impotência em acessar aquilo que é mais profundo e que vai ver nem precisa de explicação, nos limitamos a dizer que não nos encontramos no tempo certo e somos apenas bons amigos.

É comum que todos esperem por algo palpável, por um culpado, por alguma falta de respeito. Por algum motivo, por qualquer questão. É possível que em algum momento (ou vários) de nossa vida passemos por este instante onde as coisas não possuem explicações, mas podemos sentir que há um vazio, um espaço que não é preenchido nem com todo o amor, todo o carinho, toda a química e todos os sonhos que existem. Um espaço de dúvida e insegurança que, mesmo que tudo caiba nele (e ainda sobre!), ele continua lá: cheio de nada. E não adianta insistir.

Enquanto este buraco não for tapado antes, nem que a gente tenha tudo, o vazio continuará lá. E mesmo que tenhamos muita coisa para compartilhar, para doar, não seria prudente depositar tudo o que sentimos em algum lugar sem base. E quem não tem uma base para receber, não saberá o que fazer com o que podemos oferecer.

Não existe uma explicação para isso. Também não existe maldade. Estas coisas simplesmente acontecem. Um dia você está seguro, acha que está tudo bem, que você está bem, e no outro dia essa realidade parece distante e você procura algo para se agarrar, mas a única coisa que é mais forte do que o vazio, é a certeza de que com ele não será possível prosseguir e colocar em risco outras pessoas não é o certo. Li um conto estes dias e uma frase me chamou atenção: "Muito ar lá dentro e ela começou a pensar se daria conta de respirar tudo aquilo de uma vez". Acho que é essa a sensação.

Para quem precisa partir para encontrar-se, também há dor - eu sei, e é uma dor misturada de alívio, pela sensação de ter feito o certo. Eu reconheço e apoio, aceito. Para quem fica, a falta de explicação e a sensação de impotência, injustiça e desespero permanecem por um tempo. Voltar a sonhar pode demorar um pouco, e as lembranças insistem em retornar, apesar de, aos poucos, ficarem mais vagas. As fotografias, as músicas e as palavras, eternizadas em papeis e frases, são difíceis de serem vistas, ouvidas e lidas. Mas tudo, como apenas arte, uma hora para de doer. Fica a alegria e o desejo de que tudo fique bem.

Os ventos mudam, e uma hora o espaço do vazio é preenchido com outras coisas. Que saibamos definir bem o que é. E que, ao termos certeza, deixemos a semente florir e frutificar dentro de nós.

Jamais teremos garantia de que não seremos feridos, mas é nossa competência a coragem de deixar sangrar para cicatrizar. Não há como prever a partida de quem amamos, mas podemos seguir a enfeitar o caminho de bem-querer. Nem sempre seguramos nossa chateação pelo desencontro, mas podemos marcar o próximo. Não existe garantia que nos livre de sentir medo, mas é nossa escolha parar de culpar o outro pelo que não conseguimos fazer. Nem sempre nos sentiremos fortes o suficiente para resolver algo, mas podemos reconhecer que necessitamos de ajuda. (Li todo aqui)

Pesadelos. O meu falo não a preenchia. Ela era de outro. De outros tempos. Outros momentos. Outras dores. E eu queria acessá-la. Eu queria contá-la que corpos não se encontram todo dia. Que almas só se encontram em momentos especiais. Talvez únicos. E esse tinha sido um desses momentos. Um desses únicos encontros errantes. (Li todo aqui)


e que o meu e o teu coração sejam preenchidos com aquilo que vem do Eterno, que sara todas as feridas,perdoa e regenera. E que, em nós, a vontade de amar nunca se acabe. Meu amor, eu acho que essa é a minha última oração.

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