"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

terça-feira, 10 de maio de 2016

Junto ou separado?

Quando eu paro um pouquinho para dar uma olhada nas coisas ao redor, o que eu percebo é um misto de intensos sentimentos muitas vezes completamente paradoxais num mesmo grupo de pessoas ou numa mesma pessoa, em todos os lugares - e esse é um dos motivos de eu ter vários mecanismos para usar as redes sociais de maneira mais moderada possível, por exemplo. Não critico isso, pois até no espelho enxergo às vezes esse fenômeno. Não posso negar, no entanto, que me incomoda um pouco essa sensação de falta de solidez.

Você faz a leitura de um blog (e, sério, estou farta desses blogs todos tão iguais - podem até incluir o meu) que diz que você tem que fazer o que quiser, sim, afinal, você é livre! É preciso desapegar, desamar, se conhecer, dar pra todo mundo ou não dar pra nenhum, que é hora de viver o momento, viver o aqui e o agora e pronto. Que é tempo de ficar só e isso de maneira alguma é ruim, que esse lance dos status, das formas predefinidas, não, nada disso funciona mais. Afinal, é hora de amar a si e somente a si, assim.

Fujam para as colinas!


Não discordo totalmente. É sim preciso desapegar, principalmente se não faz bem. E se você quer dar ou não, não é bem um problema de mais ninguém além de seu. E é melhor mesmo que a gente consiga aprender a viver o aqui e o agora, já que não sabemos sequer se amanhã estaremos vivos. Também acredito que é importante que todas as pessoas tenham um tempo sozinhas, e isso não necessariamente é ruim. Mas quando tudo isso começa a virar uma lista de coisas obrigatórias, e que se forem feitas, e se apenas elas forem feitas, você então, aí sim, pode dizer que é uma pessoa livre, dona de si, capaz, independente, resolvida. Bem, aí já complica, né? Seria "bom" se tudo isso acontecesse porque você realmente quer que aconteça, e não porque é uma obrigação, o que, pare pra observar e refletir, é o que está se tornando.

Sufocados.
Aí você vai dar uma lida em qualquer outro meio de "formação de opinião" e o que é dito é exatamente ao contrário:
Por que as pessoas não querem assumir compromissos? Por que as pessoas estão com medo de se envolver? Por que as pessoas estão ignorando os sentimentos e vontades alheias simplesmente para realizarem os seus próprios desejos? Por que as pessoas não curtem mais a ideia de se doar a algo ou alguém  (e principalmente a alguém)?
Porquês, porquês, porquês...

Não precisamos deles.
É verdade que mais e mais pessoas não estão querendo se envolver, assumir compromissos, uma repulsa disfarçada de estilo de vida. Mas o que há por trás de tudo? Quando converso com alguém sobre algum assunto semelhante o que consigo identificar muito superficialmente é que existe sim uma vontade de assumir qualquer uma dessas coisas, viver qualquer uma dessas coisas, mas também latente há a dúvida: onde achar tal qualquer uma dessas coisas? Que coisa é essa que não sabemos como se mostra, onde se encontra, o que se faz quando enfim a temos?

Estamos cada vez mais desiludidos. Não que não acreditemos, não que a gente não queira, só que não parece mais ser possível acontecer com qualquer um de nós, reles mortais, moradores do mundo exterior aos contos de fadas. Não acreditamos mais que isso irá acontecer conosco, mas gostaríamos que acontecesse. 




Não estou aqui para traçar perfis, formular respostas, sequer trazer citações de autores famosos sobre o que está acontecendo aqui e ali. Fico apenas me questionando o porquê de, afinal de contas, estarmos assim tão desiludidos e tão encabulados se, por acaso, sonhamos com esse romance "meia boca". Afinal de contas, casar e ter filhos é uma coisa piega demais, né?

Também fico me questionando por que afinal de contas não podemos apenas ficar sozinhos mesmo e ainda assim nos sentirmos completos e felizes sem que isso seja uma obrigação. Seria bom de qualquer jeito também. 




Tirinhas do Benett.

Acho que é por que, no final de tudo, o que importa é que se não tem o que sentir, se não se sabe como sentir, pra que mesmo sentir?


Sem essa de que: "Estou sozinho." Somos muito mais que isso (...)Deve de ser cisma minha, mas a única maneira ainda de imaginar a minha vida é vê-la como um musical dos anos trinta e no meio de uma depressão tTe ver e ter beleza e fantasia. E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?

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