"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Eu desorganizo para reorganizar




Cheguei na fase de me desorganizar. Desorganizar é a melhor forma de colocar as coisas no lugar. Na verdade, não sei se é a melhor forma, mas é a única que funciona para mim. Na verdade, até agora, é a única que eu consigo fazer. Mesmo que eu comece bem, depois desorganizo tudo, afasto todos os móveis da sala, fica tudo atraentemente bagunçado.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Vem tipo bossa.

Ilustração de autoria do artista plástico paulistano Roberto Bieto

Deixa eu te cantar com essa bossa, deixa eu te devorar com essa melodia, te esperar bem lentamente; vem assim, como essa voz de Miucha, forte e delicada ao mesmo tempo, mas presta atenção que ela avisa, "você pode ser ladrão quando quiser, mas não rouba o coração de uma mulher...". Não rouba coração de ninguém se nunca tiver feito uma canção, pois minha poesia, desse jeito assim, seco e sem graça, pra você não faço não.

Vem assim, vem bossa, mas não se preocupe se está misturando esse sambinha e essa pegada eletrônica, de vez em quando é bom mexer assim mesmo... Vem e diz no meu ouvido "e quem não tem amor não tem é nada!", afinal, eu sei, ainda sei que tem tanta gente aí com amor pra dar, tão cheia de paz no coração... Mas eu não.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Um quarto de música e um "senta aqui". #5

Ilustração de Amanda Cass
Vamos fazer as coisas devagar. De va gar... Vamos pensar bem antes, vamos deixar o tempo ser nosso amigo, desfrutar do que não se espera, cuidar primeiro do que tem dentro pra depois exteriorizar tanto os males quanto as alegrias. Vamos ser cuidadosos, vagarosos, piedosos... Vamos ter cuidado com essa inquietude que a gente sente.

Não vamos sair por aí por aí se dando, se doando, dando, recebendo... Tudo tão vazio, tão rápido, tão engraçado e... fugaz. Líquido, já diria Bauman, coisa apenas para "contar" não para "se contar". Não vira conto, poesia, nada disso: vira marca e, no máximo, uma bossa mal cantada.

Eu estou vendo o tempo passar. Não tão rápido como outrora pareceu. Não tão intenso (mas no caminho de ser) como antes um dia foi, como antes um dia eu fui. Eu quero apenas ver o tempo passar e não está dando certo.

Vamos repetir a mesma música, todo dia.
Vamos assistir o mesmo filme.
Vamos reler aquele livro.
Vamos compartilhar aquela poesia...
Esperar.
Deixar o vento entrar e limpar a sujeira, levantar a poeira.
Fácil dizer. Quem disse que consigo?