"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Se eu puder ou não, te consolo e descanso.

Um dia eu orei: 
"Senhor, me use, que eu seja um objeto em tuas mãos, que as pessoas te sintam quando chegarem perto de mim. Não por mim, mas por Ti."

Eu quero que as pessoas sintam o mesmo consolo e amor que eu sinto que Jesus tem por mim e o quanto estou cada dia mais descansada por tentar permanecer Nele, quero que sintam o quanto Ele nos quer por perto, muito mais, infinitamente mais, do que o que eu posso sentir por Ele. Eu orei e tive respostas diversas nos dias seguintes. Certa vez, num ensaio de um grupo de teatro que participei por pouco tempo, eu não precisei falar nada, mas um dos atores, jovem e homossexual, me perguntou: " você acredita em Deus, Steffi?". Eu fiquei feliz, eu não precisei falar, mas ele se sentiu à vontade pra contar as suas coisas. Tempos depois continuo fazendo a mesma oração e agora as respostas vêm de outras maneiras:
"Steffi, não sinto mais vontade de viver. Não aguento mais esse lugar."
"Steffi, estou péssima, aconteceu isso, isso e isso, não aguento mais, quero interná-lo"
"Steffi, estou tão mal, não sei o que está acontecendo, estou em crise"...
Eu posso tentar ser compreensiva e responder apenas baseando-me no que aprendo vira e mexe nas aulas do meu curso, de certa forma, acredito que é isso que as pessoas procuram às vezes em mim, mas como não dizer nada sobre Aquele me consola? Independente deste meu conflito, é importante dizer também o quanto a profissão que eu escolhi pra mim tem a ver com essa vida louca que eu levo. O quanto eu posso servir mesmo sem falar sobre Ele, mas falando de todos os jeitos ao mesmo tempo...

Ouço coisas tão tristes, vejo contextos tão desoladores que, de fato, parece que os problemas não têm soluções. Eu gostaria de dizer palavras diretas e bonitas e as pessoas simplesmente sentirem. Como falar para alguém que não crê e parece estar tão longe disso que, há sim alguém que é real, que não é simples imaginação, que de fato consola, que de fato tira o peso das nossas costas, que deixa nosso fardo leve?

Como falar? Às vezes não tem como falar, já aprendi. Às vezes, na maioria das vezes, o melhor falar é o abraçar, o melhor falar é o ouvir, o melhor falar é não julgar nem ficar identificando problemas a serem resolvidos, às vezes o melhor falar é só estar ali ao lado.

Vejo as pessoas saindo pro "campo" de evangelismo e contando quantas almas fizeram crer... Eu não consigo, desculpem-me. Desculpem-me se eu não consigo fazer as pessoas crerem, desculpem-me se eu realmente não gosto disso, desculpem-me se não gosto desses métodos, desculpem-me mesmo, peço no entanto, que me entendem: eu não vivo numa redoma, eu não vou ao "campo", eu estou o tempo todo nele, e acreditem: não é fácil. Não estou dizendo que o que eu faço (que na verdade é muito pouco) é mais importante ou melhor, não quero desmerecer quem ninguém que trabalhe dessa maneira, só digo que eu não me encaixo nela.

É muito simples identificar um dependente químico quando ele está na rua sem ninguém, é visível. Mas identificar os que estão dentro de casa, os que sorriem, os que andam com você o tempo todo, o que está debaixo do seu teto, é difícil. É difícil manter relacionamentos, é difícil ser amável ao mesmo tempo que é necessário ser duro em alguns momentos. É complicado pra alguém que tanto já apanhou entender Jesus como Salvador e Senhor. É difícil saber que alguém precisa de Jesus naquele momento e ainda assim a pessoa O nega. 

Evangelizar pessoalmente, sem esperar que a pessoa se converta, tem sido uma questão crucial na minha vida. As pessoas que aparecem pra mim parecem tão ou mais problemáticas do que eu. E como ajudá-las se ainda nem me resolvi? O que falar? Como falar? Todos os dias eu acordo pensando nisso, pensando em como ajudar essas pessoas... Que eu amo tanto, que eu amo tanto, que eu amo tanto...

Antes eu me preocupava muito em ter o que dizer, ter que fazer, ter o que e que falar, preocupava-me com a minha eficiência em servir aquela pessoa, mas eu também tenho problemas, eu também estou sendo diariamente tratada, e é por isso que, eu tendo ou não o que fazer, descanso: o trabalho não é meu. Se elas se sentem à vontade comigo, ouço, se eu tiver o que falar, falo, se tiver como abraçar, abraço, choro, oro... Eu faço o que acho que posso fazer, porque o resto não é comigo. E se eu não puder fazer nada além de orar em casa, então não faço nada além disso, o trabalho não é meu.

Uma musiquinha simples me consolou tanto esses dias, eu entendi mesmo como algo de Deus especificamente pra mim, como um consolo, um leve "puxão de orelha":


"Não tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer que seja, pois um, somente um, seria muito para ti. É Meu, somente Meu todo o trabalho, e o teu trabalho é descansar em Mim. Não temas quando enfim, tiveres que tomar decisão, entrega tudo a Mim, confia de todo o coração." Milad



Nem sempre vou poder dizer algo que faça você se sentir bem, mas eu sempre estarei aqui, sem esperar retribuição, eu tentarei, sem esperar te transformar num crente, sem esperar que entenda tudo o que porventura eu tente te explicar. Eu não sou Deus, mas tenho um que pode te acalmar. Eu sou crente, mas não espero que você se torne um pelo o que eu disser, e sim porque você precisar saber que precisa Dele, eu posso te avisar, mas só você pode decidir crer, depende de você e Dele. 



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