"Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos." (Salmo 119:10)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

"Sinto-me só".

Sinto-me só é um livro escrito por Karl Taro Greenfeld, que não é apenas autor, mas também personagem da história. Segundo a Publishers Weekly o livro é uma "história tocante sobre uma família simultaneamente destruída e unida pelo autismo". Apesar de Greenfeld ser um dos personagens, enquanto você vai lendo fica parecendo uma realidade meio distante, que é apenas mais uma ficção, porque fica meio difícil entender como essa pessoa expôs tudo o que ela pensou em sua infância e adolescência sobre seu irmão e sua família, todas as suas dificuldades em se relacionar, seus problemas com drogas e etc. Karl conta a história de seu irmão, Noah, autista numa época onde não havia tratamentos, onde não havia recursos nem profissionais especializados, onde tudo era "experimentação". A vergonha, a dificuldade de aceitar a dificuldade do irmão, o peso de ser considerado "normal" e não responder às expectativas dos pais e da sociedade são temas do livro.

Como estudante de psicologia o livro foi muito interessante pra mim que tenho um interesse por trabalho com crianças e curiosidade e interesse também pelo tratamento do autismo e suas nuances, então, em diversos momentos do livro, eu enxerguei todas as teorias que ando estudando, o que é muito bom pra avaliar o que afinal de contas eu sei e, como o livro se trata de uma história verídica, entender um pouco também do lado da família, o que em qualquer tratamento psicológico é essencial, além de ter informações interessantíssimas a respeito dos absurdos que aconteciam em nome da psicologia, maus tratos, falsas promessas de cura e etc.

O drama de Noah é com certeza parte essencial do livro, afinal, ele é o protagonista na vida da família inteira, mas a tensão de Karl como um garoto numa família completamente diferente (mãe oriental, pai judeu, irmão autista num EUA extremamente preconceituoso) e problemática de ter que ser o filho "normal" toma um espaço muito grande na história e é riquíssima! Você se emociona em muitos momentos.

Recomendo. Não foi um livro que mudou a minha vida, mas é muito interessante e tem boa trama ;)

"Nesse momento ainda não sei disso, mas meu relacionamento com Noah é o mais unilateral que jamais terei. Ele parece ter perdido o interesse por mim, e eu ainda tento fazê-lo sair de si mesmo e brincar. Quero um irmão. Desesperadamente." (p. 53)
"Estamos tropeçando como família, perdendo o passo, fazendo progressos insignificantes. Os membros da família devem sentir que estão andando para frente como uma unidade, que se dirigem juntos a um futuro brilhante. É esse o conceito que mantém toda a operação funcionando. Um dia, os filhos vão amadurecer, crescer e ocupar seu lugar na sociedade. Os pais vão se dedicar a suas carreiras ou seus projetos, cuidar desses filhos, acumular importantes conquistas financeiras e sociais, e os membros da família vão se beneficiar teórica e simbioticamente. Não interessa se a realidade é frequentemente - sempre? - desordenada. Gostamos da ilusão de que somos melhores juntos do que separados." (p. 194)"

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